TEXTO MANIFESTO
Eduardo Freitas Cardozo
Repúdio a Saída de um PROFESSOR
Com o direito a mim fornecido pela república
federativa do Brasil nos Artigos 5º, incisos IV, VIII, IX, e 220º parágrafo 2º
da constituição Federal e pelo artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos
Humanos no que se refere a liberdade de expressão, venho aqui por meio deste
manifesto expor minha total indignação com a saída exponencialmente injusta e arbitraria
do professor Ademar Luis Rodrigues
Ribeiro do CEEP Ministro Petrônio
Portela nesta quarta-feira 15/03/2017. Digo isso não só como aluno, ou
admirador de seu trabalho, mas também como uma pessoa que viu sua perspectiva
de conhecimento e entendimento a respeito da vida e do mundo transformadas pelo
trabalho de um fantástico professor, sim professor, pois não são todos que tem a
dignidade e o caráter de ter esse título, pois existem muitos pedagogos e
licenciados em ensino, mas professores de verdade, desses que lutam pelos seus
alunos, desses que amam seu oficio e doam seu tempo e seu dinheiro para ajudar
a pôr um pouco mais de juízo na cabeça dos jovens, um rumo nesses tempos de “loucura”,
esses são poucos, e o PROFESSOR
Ademar é e continuará sendo um desses, independentemente da injustiça, da falta
de ética e seriedade de algumas pessoas. A saída do professor Ademar não é só
prejudicial para as aulas, mas também para as atividades de ciências e tecnologia
realizadas nessa escola (degradada tanto estruturalmente a vários anos, como
também a priori, educacionalmente, pois sendo a qualidade da infraestrutura um
diferencial na aprendizagem dos alunos), pois perdemos o orientador e professor
mais participante nas atividades do Orion clube de ciências, que doava seu
tempo para grupos de estudos, onde aprendi coisas que a maioria dos educadores
não mostram: A beleza do universo, por traz da pratica, da observação, da
experiência, ele que nos mostrou como ter senso crítico, o mesmo que quando
todos duvidaram da nossa voz nos encorajou a falar e mostrar que temos vez, só
basta querer.
Eu não lamento pelo professor Ademar,
não, o professor é experiente, e seu talento o vingará, o que mais lamento é o
meu, o seu, o nosso lado de estudante, de amante de ensino de física que por
meio deste homem chamado nos quatro cantos (e até por professores, e funcionários
do “ensino”, bastante éticos, diga-se de passagem) de “Ademônio”, um sonho, o sonho de ser e seguir as ciências, mas
acima de tudo, o sonho de um país e um futuro melhor, independentemente de seu oficio
(e livre dessas “asneiras” pesudo-pedagógicas que permeiam as escolas e
dificultam e dificultaram a minha e a nossa aprendizagem).
Esquecem eles uma coisa, por traz de
todo livro, de toda língua, há uma hermenêutica, uma interpretação, e aprendi
com ele que a física é a linguagem que traduz o universo, que nos mostra a
realidade por traz das coisas, que nada é o que é, que as leis devem ser
seguidas, e se preciso, somente assim, modificadas. Volto agora com a história
do “Ademônio” e a interpretação das
palavras. Por muito me perguntei se o professor tinha raiva de quem o chamava
assim, também cogitei que ele não o sábia, o que era muito improvável, mas
cheguei à conclusão, que ele não se incomodava, ele sabia o real significado, demônio
(Daimon) etimologicamente, do grego, significa perspicácia, inteligência, audácia,
coisas que de fato ele tem, então na verdade era Ademar o perspicaz, engraçado,
sim engraçado, pois mais uma vez aprendi que tudo depende do referencial, da
sua hermenêutica e etimologia, do que eu quero ver.
Concluo este manifesto como alguém
que aprendeu a gostar de “aprender”, falo por mim e pelos meus amigos,
lamentando principalmente pelo CEEP, que perdeu, espero que não definitivamente
um de seus mais antigos e melhores professores, uma pessoa que educou gerações.
Eu perco um professor, até pode ser, mas ganhei e continuarei a ter um amigo,
uma fonte de inspiração, um exemplo de ética, seriedade e responsabilidade, um
verdadeiro professor no sentido real da palavra, alguém que olha para aqueles
que necessitam, e que ajuda aqueles que o procuram.
Termino esse texto, que para carta sentimental
imita mais que um manifesto, com um trecho do poema a flor e a náusea de Carlos
Drummond de Andrade:
“...Em
vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar
este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes
da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
*(Os ferozes pedagogos do mal, os ferozes
alunos do mal, *acréscimo meu).
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima...”
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo
e dou a poucos uma esperança mínima...”
Eduardo Freitas
Cardozo, 3º Ano Curso Técnico Hospedagem, 15 de Março de 2017.